walk in circles, 2018

walk in circles, 2018

13ª edição do aarea – “Andar em círculos”, de Marcius Galan

 

Em seu trabalho “Andar em círculos “, Marcius Galan busca inscrever a forma de um círculo na cidade fazendo sucessivas caminhadas pelo mesmo perímetro. Para isso, o artista carrega consigo um dispositivo eletrônico que projeta o trajeto em tempo real no site www.aarea.co. Por diversos dias, o artista executará o mesmo caminho, na tentativa de retificar a circunferência.

 

Realizado nas ruas de São Paulo, de partida o trabalho transpõe os desafios de uma malha urbana não planejada, constituída pela desordenada especulação imobiliária. O artista precisa encontrar atalhos e rotas alternativas para atingir sua caminhada circular, um movimento mais livre dentro da conformação quadrangular dos bairros. “Andar em círculos” parte de obstáculos que restringem o desenho e de alguma forma se relaciona com a Land Art dos anos 1960/70, que apresentou percursos e intervenções na paisagem, espaços vastos e inóspitos capazes de proporcionar uma nova liberdade de ação e possibilidades inéditas de escala.

 

Aqui, a caminhada de Marcius Galan é desenho e também performance. O artista usa o corpo como escala e instrumento de desenho, desafiando a estruturação geométrica urbana. Aproximando o trabalho de outro momento da arte, “Andar em círculos” se opõe, em sua intenção obstinada, à deriva dos flâneurs situacionistas, cujos meios e fins eram o próprio trajeto e o deixar-se perder pela cidade, constituindo a chamada “psicogeografia”.

 

A partir da geometria, os trabalhos de Marcius Galan apontam para brechas na estruturação das formas, como estratégia para subverter as regras que conformam o cotidiano contemporâneo. Elementos aleatórios, como notas fiscais, arquitetura e círculos são submetidos a diagramas que, a partir de erros calculados induzidos pelo artista, contestam a crença que temos no sistema lógico. “Andar em círculos” também remonta a uma performance do início da prática de Galan, “Cadarço”, de 2002, em que ele percorreu os arredores da Galeria Vermelho calçando um par de tênis cujos cadarços eram simultaneamente fabricados por uma máquina fixada no interior do espaço expositivo. Nesse caso, foi um extenso emaranhado de fios que mapeou seu percurso pela cidade.

 

Marcius Galan nasceu em Indianápolis, EUA, vive e trabalha em São Paulo. O artista formou-se em Artes Visuais pela FAAP, São Paulo em 1997. Em 2003 foi selecionado para uma residência de seis meses na Cité des Arts em Paris e foi 3 meses residente no Art Institute of Chicago em 2004. Galan venceu a 3ª edição do o Prêmio PIPA em 2012 e participou no Programa de Residência da Gasworks, Londres, em 2013. O artista participou de exposições coletivas em renomadas galerias, instituições e bienais no Brasil e no exterior; recentemente ele teve mostras individuais no Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, 2018); Fundação Ema Klabin (São Paulo, 2017); Galerija Gregor Podnar (Berlim, 2017) e Galeria Luisa Strina (2015). Seu trabalho faz parte das coleções do Museu Serralves (Porto), Pinacoteca do Estado (São Paulo), MAM-SP e do MAM-Rio, Museum of Fine Arts (Houston); Coleção Jumex (México), Instituto Inhotim (Brasil), CIFO (Miami), entre outras.