Avenida Paulista, MASP, 2017

Avenida Paulista
Exposição coletiva
MASP, São Paulo, BR, 2017

Com esta exposição, o MASP volta a atenção para seu entorno, compreendendo a avenida Paulista não apenas como local onde o Museu está inserido, mas também como objeto de consideração e reflexão. Trata-se de uma atenção significativa no contexto dos 70 anos do Museu (inaugurado em 1947 num edifício da rua 7 de Abril no centro de São Paulo e transferido para este edifício em 1968): a mostra representa um olhar para este local icônico da cidade, que é ao mesmo tempo cartão-postal e palco de embates e disputas de muitas ordens.

Quais são os temas que atravessam a avenida Paulista, com seus mais de 120 anos e 2.800 metros de extensão? Os contrastes econômicos e sociais, o capital financeiro e o comércio informal, o capital simbólico e as instituições culturais, as manifestações políticas e as questões de sexualidade (com uma das maiores paradas LGBT do mundo). Símbolo de São Paulo, a avenida Paulista carrega também as contradições, fricções e tensões de uma cidade rica, complexa e desigual.

A exposição é dividida em dois grandes segmentos. O primeiro segmento, na parede da esquerda e do fundo da galeria do 1o andar, inclui representações da avenida Paulista, com fotografias, documentos, pinturas, registros de ações performáticas, objetos e cartazes históricos de 38 autores, de 1891 a 2016, organizados cronologicamente. O segundo segmento é composto por 14 novos projetos comissionados para a exposição, que ocupam a entrada, o meio e o lado direito da galeria do 1o andar (André Komatsu, Cinthia Marcelle, Graziela Kunsch, Ibã Huni Kuin com Bane e Mana Huni Kuin, Lais Myrrha, Marcelo Cidade, Mauro Restiffe e Rochelle Costi com Renato Firmino), a galeria do 1o subsolo (Daniel de Paula), a sala de vídeo no 2o subsolo (Luiz Roque), o Vão Livre (Marcius Galan), e por uma intervenção na pinacoteca do 2o andar (Dora Longo Bahia), além de projetos não realizados de Ana Dias Batista e Renata Lucas reproduzidos no catálogo da exposição.

Como parte de Avenida Paulista, ocorre uma programação semanal de 13 oficinas e 8 sessões de filmes. As oficinas—propostas por companhias de teatro, coletivos, arquitetos e artistas—utilizam a avenida como palco e espaço criativo, ativando suas histórias e seus espaços de memória. As sessões de filmes—organizadas por Dora Longo Bahia com o grupo de estudos Depois do Fim da Arte—acontecem no pequeno auditório do Museu no 1o subsolo e refletem sobre o lugar do artista na cidade.

É importante pensar esta exposição como um desdobramento da vocação arquitetônica e urbanística do próprio edifício de Lina Bo Bardi (1914-1992), tendo em vista suas características fundamentais—a transparência, a permeabilidade, a abundância no uso do vidro, as plantas livres e a suspensão do volume de concreto—que permitem que o olhar e a cidade atravessem o Museu. Nesse sentido, pensar o MASP é debruçar-se sobre as questões da cidade e, sobretudo, sobre o local onde está instalado desde 1968.